sábado, 29 de janeiro de 2011

Atividade Prática: Aula Multimidial

 AULA MULTIMIDIAL
 Tema- Meio Ambiente
Público Alvo:
Alunos do Ensino Fundamental

Objetivo da prática leitora:
A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos cons­cientes, aptos a decidirem e atuarem na realidade sócio-­ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global.
Para atingirmos esses obje­tivos, mais do que trabalhar com informações e con­ceitos, é preciso que a escola trabalhe também com a formação de valores e atitudes.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é despertar os alunos para que possam, não apenas agir corretamente no processo de preservação do meio ambiente, como também colaborar com o despertar dessa consciência junto às suas famílias e à comunidade, através de recursos multimídias disponíveis.

Materiais e recursos utilizáveis:
Leitura do texto: Os irracionais

Os Irracionais

Klaus Manfred Weissenberg
Nós, seres humanos, gostamos de designar nossa própria espécie de “Homo-sapiens”, isto é, homem racional.
Queremos desta maneira destacar a diferença entre nós e os demais seres vivos, os quais chamamos desdenhosamente de “irracionais”.
Realmente existe uma enorme diferença entre nós e os animais. Mas esta diferença não nos favorece nem nos lisonjeia em absoluto.
Os animais, sem exceção, vivem e agem segundo as leis naturais da Criação, em perfeita harmonia com o seu ambiente natural. O “Homo-sapiens”, no entanto, é o único ser vivo que age conscientemente contra estas leis naturais.
Ao contrário do ser humano, o animal desconhece a inveja, a cobiça, a ganância, a mentira, a desonestidade, a malícia, o ódio e o egoísmo.
Ao contrário do animal, o “Homo-sapiens”, rouba, maltrata, violenta, escravi-za, mata e faz guerra contra seu semelhante.
O “homem racional” é o único ser vivo que suja, contamina e destrói a sua própria morada, aliás, a única que possui. Ele polui a água que bebe, o ar que respira e o solo do qual recebe parte de seu alimento; e com isto coloca em perigo sua própria sobrevivência e a sobrevivência dos demais seres vivos deste nosso planeta Terra.
Comparando objetivamente a diferença de comportamento entre o ser huma-no e o animal, chega-se à conclusão de que o animal cumpre fielmente com a finalidade de sua existência, o que infelizmente não se pode dizer a respeito do ser humano.
Quem portanto merece mais o nome de irracional?
Revista SOM - Nº 22/1980

POESIA
Meio ambiente
Meio ambiente
O meio ambiente agoniza!
A natureza pede socorro!
As matas pedem conservação
Os bichos pedem preservação
O ar não quer poluição
A água não quer contaminação
E o homem quer solução
Ele não sabe que é a solução!
Para melhorar a situação
Para a próxima geração!
Com muitas árvores para refrescar
Variedade de animais para admirar
Ar puro para respirar
Água cristalina para tomar.
Tudo isso depende de mim
Tudo isso depende de você
Tudo isso depende de nós...
Vamos nos conscientizar
De que nossos hábitos devemos mudar
Novas atitudes devemos tomar.
Aprender a conservar
Aprender a respeitar
Aprender a reciclar
Para o meio ambiente preservar
E a vida melhorar...
Jogral para ser apresentado pela turma 500 da E.M.Prefeito José Juarez Antunes no dia do "Meio Ambiente ". Volta Redonda , maio de 2004

ROTEIRO TEATRAL

O Planeta em Apuros

Ledy B. Vieira
Personagens:    
  • Dona Natureza
  • Árvore I
  • Árvore II
  • Rio
  • Água potável
  • Planeta Terra
Inicio:  Dona Natureza entra em cena andando lentamente entre a platéia até chegar próximo ao palco,  ao som da musica: “Natureza espelho de Deus “ de Chitãozinho e Xororó.
Com olhar de tristeza demonstra-se desesperada ao ver tanta destruição. Olha e não acredita no que vê.
Quando ela está bem em frente ao palco, em um momento de grande tristeza, se ajoelha e ergue com carinho um pedaço de madeira que está no chão (OBS: Essa cena precisa emocionar o público).
A música para e, revoltada, Dona Natureza desabafa:
___ Meu Deus! Não acredito no que estou vendo! A minha floresta está toda destruída! Onde estão as árvores que aqui deixei?
Eram lindas, enfeitavam a floresta... Agora o que vejo?! Só destruição! As minhas árvores, as minhas belas árvores, estraçalhadas ao chão...
Nesse instante, já em cima do palco, Dona Natureza ouve um choro e pergunta:
___ Quem está chorando? (D. Natureza vê duas árvores)
___ Ah! São vocês duas! O que foi? Por que estão chorando?
Árvore I fala:
___ Estamos muito tristes! Sentimos falta de nossa mãe e de toda nossa família.
D.Natureza:
___E onde estão?
Árvore I:
___Não sabemos, Dona Natureza, para onde levaram nossa família.
D. Natureza.
___Eles quem?
Árvore II:
___ Os lenhadores. Foram eles que vieram com máquinas e motosserras e derrubaram todos os membros da nossa família.
Árvore I:
___ Isso mesmo! Aqueles lenhadores mataram toda nossa família!
Nossos avós eram árvores centenárias, nossos pais viveram aqui décadas e mais décadas. E, assim que os homens descobriram que nós éramos valiosas, vieram e levaram todos embora.
Árvore II:
___ Ouvi  falarem que iam ganhar muito dinheiro com tantas árvores. Só que eles se esqueceram que somos muito importantes na natureza. Que nós  somos responsáveis pelo ar puro que eles respiram. Que somos nós as responsáveis pelo equilíbrio do planeta.
Dona Natureza:
___Vocês tem razão! O homem é um grande destruidor!
Cego pela ganância eles acabam destruindo tudo por onde passam.
Árvore I:
___ Verdade Dona Natureza. E a gente tem que fazer alguma coisa pra não deixar que o homem continue com tanta maldade e destruição.
D. Natureza:
___ Você tem razão, precisamos agir.
Nesse instante o rio fala desesperado:
___ Socorro! Socorro Dona Natureza! Você está me ouvindo?
D. Natureza:
___Quem está falando?
Rio:
___ Sou eu! Esse riacho.
Dona Natureza se aproxima e fala:
___ O que está acontecendo? Porque está pedindo socorro?
Rio:
___Olhe para mim, Dona Natureza! Veja o que fizeram comigo!
Há algum tempo as pessoas que por aqui passavam bebiam de minha água, tomavam banho e até sobreviviam dos peixes que aqui moravam.
Eu era um rio bonito, cheio de vida!  E agora...
D. Natureza:
___ Me deixa adivinhar! Foi o homem que deixou você assim!
Rio:
___ Isso mesmo. O homem acabou comigo. Começaram a jogar lixo dentro de mim. Poluíram minhas águas. Os peixes que aqui moravam fugiram e os que não conseguiram fugir morreram pela água contaminada. Agora sou depósito de lixo e todos olham pra mim com nojo. Isso me deixa muito triste! Estou morrendo Dona Natureza, estou morrendo!
Árvore I:
___ Olha! Está chegando alguém!
Todos os personagens que estão no palco falam:
__ É a Dona Água.
MÚSICA "PLANETA ÁGUA" DE GUILHERME ARANTES
D. Água entra em cena, entre a platéia, andando lentamente, delicadamente enquanto toca musica.
Quando já esta perto do palco a música para e ela fala:
___ Olá pessoal! Estava ouvindo a conversa de vocês e resolvi chegar.
Árvore II:
___Seja bem vinda Dona Água. Nós estamos aqui desabafando com a Natureza sobre a ação do homem.
Dona Água:
___ Pois é,  eu sou um líquido muito precioso do qual todos os seres vivos dependem para sobreviver. Porém, os seres humanos não me dão o devido valor. Vivem desperdiçando água em grande quantidade, logo eu que sou essencial para a sobrevivência deles. Definitivamente eu não entendo os homens. Julgam-se tão inteligentes, mas na maioria das vezes se comportam pior que animais, não usam o cérebro. E se continuarem agindo dessa forma chegará o tempo que a fonte de água potável irá se esgotar. E aí vamos ver como eles vão sobreviver sem mim. Porque sem euzinha não existe VIDA.
D. Natureza:
___ É.... Dona Água tem razão. Eu também não consigo entender o ser humano. Eles nos destroem a cada dia,  sabendo que dependem de nós.
Eu sou a Natureza e dou a eles tudo que precisam para sobreviver, mas eles nunca estão satisfeitos.
Árvore II:
___ Pessoal, olha quem esta chegando! É o Planeta Terra!
Com aparência de doente e tossindo muito o Planeta Terra fala:
___ Olá pessoal! Vim até vocês pra falar da minha preocupação com o futuro dos rios, das florestas, da água e da vida no planeta Terra.
Todos nós estamos sofrendo agressões por parte dos humanos. Eu estou me sentindo muito mal, a cada dia mais fraco. O desmatamento, as queimadas, a poluição tudo isso esta acabando comigo.
Nesse instante o planeta passa mal e desmaia.
TOCA A MUSICA “PLANETA AZUL” DE CHITÃOZINHO E XORORÓ, ENQUANTOTODOS TENTAM REANIMÁ-LO.
 A música para quando o Planeta melhora.  Então, D. Água fala:
___ Calma Senhor Planeta! Muita calma nessa hora! Todos nós estamos em apuros. A Dona Natureza, coitada, está morrendo aos poucos. Estamos indignados com o que está acontecendo. A natureza está em perigo, o planeta está em perigo!
Todos falam:
___ Nós estamos em perigo!
Árvore II:
__ E agora? O que vamos fazer? O Planeta Terra está em apuros!
Planeta:
__ Estou sim! E o único culpado de tudo isso é o homem. É ele que polui os rios, contamina as águas, produz um montão de lixo e joga tudo na natureza. É ele quem desmata a floresta, que fazem queimadas e polui o próprio ar que respira. E se continuarem agindo dessa forma o cenário na Terra daqui a alguns anos será bem sombrio, mas antes eles sofrerão as conseqüências.
Rio:
__ O ar que eles respiram não será mais o mesmo.
Árvore II:
__Vai faltar água potável. E tudo que depender dela para se desenvolver também será afetado.
Natureza:
__ Fenômenos como furações, tornados, maremotos e tempestade serão freqüentes e de grande intensidade.
Água:
__ Mas se os homens se unirem a favor do Planeta, eles podem reverter ou amenizar tudo isso. Só depende deles.
Planeta:
__ Verdade Dona Água. A mudança depende de cada um. E se o homem quiser, ele pode fazer de mim um novo Planeta. O primeiro passo é proteger a Amazônia e reflorestar as áreas devastadas.
Árvore I:
__ E também evitar as queimadas, que além de poluir o ar , acaba com a vida de plantas e animais.
Arvore II:
__ Deve cuidar dos rios para não contaminar a água.
Rio:
__ Diminuir a produção do lixo e aprender a reciclar.
Água:
__ E não desperdiçar água potável.
Natureza:
__ Isso mesmo! Se todos fizerem sua parte poderão salvar o Planeta.
Natureza, Árvore I e II.
__ Então não jogue lixo na natureza!
Rio, Água e Planeta.
__ Preserve o meio ambiente!
Todos:
__Preserve a vida!
FINAL: COREOGRAFIA DA MÚSICA "NOVO PLANETA" DA XUXA .



LEITURA DE VIDEOS
Trailer: Uma verdade inconveniente

http://www.youtube.com/watch?v=GoFkFkolNcg&feature=player_detailpage

LEITURA DE IMAGEM


 


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Poema A moreninha

A MORENINHA

Vem Morena viver este delírio
Vibrar sem pensar no amanhã
Sentir em meu corpo teu vício,
Em tua pele meus beijos-maçã...

Vem Morena viver é muito bom,
Este teu sorriso, Minha Prenda,
Brilha sensual na cor do batom
Num chamego, assanha, atenta...

Vem Morena dos olhos azuis,
Meus braços te esperam
Com doçura pra te abraçar
Num acalento pro mar.


“A Cartomante”, de Machado de Assis (reescrita) "A vidente"

A Vidente
 Juvenal diz a Joaquim que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia.
Era a mesma explicação que dava a bela Carmelina ao moço Adolfo numa segunda-feira de dezembro de 2010, quando este ria dela, por ter ido anteriormente consultar uma vidente; a diferença é que o fazia por outros motivos.   — Ria, ria.
Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a colocar os búzios, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar os búzios, arrumou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
— Errou! Interrompeu Adolfo, rindo.
— Não diga isso, Adolfo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Adolfo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor vidente era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Adolfo podia saber, e depois...
— Qual saber! Tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na Rua do Professor Mostardeiro, não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Adolfo riu outra vez:
— Tu acreditas de verdade nessas coisas? Perguntou-lhe.
Foi então que ela disse-lhe que havia um fundo de verdade em tudo isso. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhou coisas que faziam muito sentido. E o que mais? A prova é que ela agora estava mais tranqüila e satisfeita.
Percebi que ele ia falar, mas se calou. Não queria tirar dele as fantasias. Também ele, quando criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram.
No dia em que deixou de lado toda essa superstição vazia, e ficando somente a realidade, ela, como tivesse recebido da mãe muitos ensinamentos envolveram-os na mesma dúvida, e logo depois em uma confusão mental total. Adolfo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento: limitava-se a negar tudo. E digo mais, porque negar é ainda afirmar, e ele não demonstrava a descrença; diante do mistério, satisfeito balançou os ombros, e saiu andando.
Afastaram- se alegres, ele mais que ela. Carmelina percebia que era amada; Adolfo, não só estava alegre, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às videntes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se envaidecido. A casa do encontro era na antiga Alameda do Santuário, onde morava uma conhecida de Carmelina. Esta desceu pela Rua 30 de novembro, na direção da Praça, onde residia; Adolfo desceu pela rua do  Banco Banrisul olhando de passagem para a casa da vidente.
Marcos, Adolfo e Carmelina, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Marcos seguiu a carreira Militar. Adolfo também entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo político; mas o pai morreu, e Adolfo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1971, voltou Pedro da Capital Porto Alegre, onde se casou com uma mulher formosa e boboca; abandonou o militarismo e veio tirar onda de advogado.
Adolfo conseguiu-lhe casa para os lados de Santos Anjos, e foi contente recebê-lo.
— É o senhor? Falou Carmelina, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo, falava sempre do senhor.
Adolfo e Pedro olharam-se com carinho. Eram amigos de verdade.
Depois, Adolfo confessou para si mesmo que a mulher do Marcos não desmentia os búzios do marido. Realmente, era graciosa e com delicados gestos, olhos calmos, boca fina e provocativa. Era um pouco mais velha que eles: uns trinta anos, Pedro vinte e nove e Adolfo vinte e seis.
Entretanto, o corpo forte de Pedro fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Adolfo era  ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a experiência adquirida com o tempo, como os olhos de águia, que a natureza dá a alguns para adiantar os anos. Nem uma coisa, nem outra.
Uniram-se os três. A convivência  os aproximou intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Adolfo, foi uma tragédia, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Pedro cuidou do enterro, das homenagens e do inventário; Carmelina tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
A partir daí chegou ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. O cheiro feminino: era o que ele absorvia nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio.
 Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Adolfo ensinou-lhe o jogo de truco e a canastra que jogavam às noites; —ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as coisas iam bem. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Carmelina, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de fazê-lo marido, as mãos frias, as atitudes insanas.
Um dia, estando ele de aniversário, recebeu de Pedro uma rica gravata de presente e de Carmelina apenas um cartão com um simples cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras comuns; mas há simplicidades sublimes, ou, pelo menos, agradáveis. O velho barco “La Veloce Navegacione Italiana” da praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro importado do Peron.
Assim é o homem, assim são as coisas que o cercam.
Adolfo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Carmelina, como uma cobra, foi envolvendo ele, invadindo-o todo, ficou encantado, morrendo de amor. Ele ficou estonteado e dominado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória fantástica. Adeus, pudores! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de gramas e pedras, sem sofrer nada mais que algumas saudades, quando estavam longe um do outro. A confiança e estima de Marcos continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Adolfo uma carta anônima, que lhe chamava de imoral e desleal, e dizia que a aventura era sabida de todos. Adolfo sentiu medo, e, para desviar as suspeitas, começou a ir menos à casa de Pedro. Este lhe notou as ausências. Adolfo respondeu que o motivo era uma paixão fútil de rapaz. Inocência gerou esperteza. As ausências prolongaram se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os favores do marido, para tornar menos dura à conversa do ato.
Foi por isso que Carmelina, desconfiada e covarde, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa da atitude de Adolfo.
Vimos que a cartomante trouxe-lhe a confiança, e que o rapaz arrependeu-se por ter feito o que fez. Passaram algumas semanas. Adolfo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser ameaça da virtude, mas ciúme de algum pretendente; tal foi à opinião de Carmelina, que, por outras palavras mal empregadas, formulou este pensamento:
— a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
Nem por isso Adolfo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Pedro, e o desastre viria então sem remédio. Carmelina concordou que era possível.
— Bem, disse ela; eu levo a carta para comparar a letra com as das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a ou rasgo-a...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Pedro começou a mostrar-se triste, falando pouco, como desconfiado. Carmelina mais que depressa contou a Adolfo, que ficou apavorado e trêmulo. A opinião dela é que Pedro devia tornar a casa deles, apalpar o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Adolfo discordava; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais era valido precaver, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram maneiras de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Adolfo um bilhete de Pedro: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Adolfo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava assunto particular, e a letra, fosse realidade ou ilusão, parecia trêmula. Ele combinou todas essas coisas com a notícia antecipada.
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos apavorados.
Imaginariamente, percebeu um pequeno drama, Carmelina contida e chorosa, Pedro indignado, pegando a caneta e escrevendo o bilhete, certo de que ele ajudaria, e esperando-o para matá-lo. Adolfo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso odiava-lhe a ideia de recuar, e foi andando. No caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Carmelina, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais possível; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Marcos conhecesse tudo. A mesma interrupção das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Adolfo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas, ou então, —o que era ainda pior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Pedro.
"Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê?
Era perto de uma hora da tarde. A ansiedade crescia minuto a minuto.
Tanto imaginou o que se iria passar que chegou a crê-lo e vê-lo.
Positivamente, tinha medo. Chegou pensar  em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a ideia, abatido, e seguia, acelerando o passo, na direção do centro, para entrar num táxi. Chegou, entrou e mandou seguir rapidamente. 
"Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso ficar neste estado..."
Mas a mesma agilidade veio agravar-lhe o entusiasmo. O tempo passava rápido, e ele não tardaria a encontrar o perigo. Quase no fim da Rua do omercio, o táxi teve de parar, a rua estava interditava em função de um acidente com uma moto. Adolfo, pensou consigo, deu valor ao obstáculo, e esperou. Durante cinco minutos, percebeu que ao lado esquerdo, atrás do táxi, ficava a casa da videnter, a quem Carmelina consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto ver a lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e cheias de curiosos observando o movimento na rua.
Dirigia-se a casa do indiferente Destino.
Adolfo abaixou-se no táxi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das classes morais surgiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O taxista propôs-lhe voltar à primeira rua, e ir por outro caminho: ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para olhar a casa... Depois fez um gesto descrente: era a ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, o pensamento desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco o moveu outra vez, mais perto, fazendo uns movimentos homocêntricos... Na rua, gritavam os homens:
— Vamos terminar logo com isso!! Você tem de arcar com os prejuízos!
Daí a pouco estaria removido à barreira. Adolfo fechava os olhos, pensava em outras coisas: mas a voz do marido sussurrava-lhe a orelhas as palavras dos búzios: "Vem, já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia.
A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar. Adolfo se encontrou diante de caso sem solução... pensou rapidamente no inexplicável de tantas coisas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários: e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a filosofia... " Que perdia ele, se... ?
Encontrou-se na calçada, ao pé da porta: disse ao taxista que esperasse, e rápido entrou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus gastos pelos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada.
Subiu e bateu. Não aparecendo ninguém, teve a ideia de descer; mas era tarde, a curiosidade lhe era muita, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três vezes. Veio uma mulher; era a vidente.
Adolfo disse que ia consultá-la, ela fez entrar.  Subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal iluminada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos.
Velhos móveis, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
A cartomante o fez sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Adolfo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas longas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos escuros e agudos. Colocou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande medo...
Adolfo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não...— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A vidente não sorriu: disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez nos búzios e baralhou-os, com os longos dedos finos, de unhas descuidadas; baralhou-as bem, trespassaram os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a abri-las. Adolfo tinha o olho nela, curioso e ansioso.
— Os búzios dizem-me...
Adolfo inclinou-se para dizer umas palavras. Então ela disse-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria a ales; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não satisfeito, era imprescindível muita cautela: havia muita inveja e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Carmelina. . . Adolfo estava abismado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
— A senhora me trouxe paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da vidente.
Esta se levantou, rindo.
— Vá, disse ela; vá, rapaz enamorado...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Adolfo estremeceu, como se fosse à mão da própria fada, e levantou-se também. A vidente foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com uvas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que sujavam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Adolfo, ansioso por sair, não sabia como pagar; ignorava o preço.
— Uvas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas uvas quer mandar buscar?
— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
Adolfo tirou uma nota de dez reais, e deu-lhe. Os olhos da vidente brilharam. O preço comum era dois reais.
— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá, tranquilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
A vidente tinha já guardado a nota na bolsa, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Adolfo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a vidente, alegre com o pagamento, tornava acima, cantarolando uma canção. Adolfo encontrou o táxi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu rapidamente.
Tudo lhe parecia agora melhor, pareciam ter outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus medos, até achou infantil; recordou os termos da carta de Marcos e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave, gravíssimo.
— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao taxista.
Pensava consigo como iria explicar a demora ao amigo, imaginou qualquer coisa; parece que desenvolveu também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, permaneciam na alma as palavras da vidente. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério cercava-o. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo envergonhado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: — Vá, vá, rapaz enamorado; e no fim, ao longe, a canção da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Praça, Adolfo olhou para a igreja, estendeu os olhos para fora, até onde a torre e o céu dão um abraço infinito, e teve assim a sensação de um futuro, longo, longo, interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Pedro. Desceu, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Pedro.
— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
Pedro não lhe respondeu; tinha as aparências desarrumadas; fez-lhe sinal, e foram para uma sala interior. Entrando, Adolfo não pôde abafar um grito de terror: — ao fundo sobre o sofá, estava Carmelina morta e ensangüentada.  Pedro pegou-o pela goela, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.
FIM




segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

BRINCANDO COM AS PALAVRAS

É fundamental trabalhar poesias nas séries inicias para provocar a reflexão sobre as expressões e sentimentos próprios e dos colegas, criando textos e percebendo além do significado das palavras, seus ritmos, sonoridade e principalmente possibilitando através das poesias o desenvolvimento da imaginação dos educandos. A  poesia deve ser trabalhada  nas escolas e  compreendida como  símbolo da liberdade, jogo de significados, música que eleva o espírito, brincadeira, objeto de prazer, brincando com os sons das palavras e rimas.
Hoje, percebe-se que o trabalho com poesia, especialmente nas séries iniciais, é raro na Educação. Em parte porque muitos adultos acreditam que a poesia é um recurso sofisticado demais para as crianças; em parte porque, em um mundo cada vez mais objetivo e apressado, nos esquecemos da própria... poesia que pode existir no cotidiano. Com certeza, é que a música das palavras pode e vai aumentar ainda mais o interesse das crianças pela leitura e pela escrita. Mais do que isso, a poesia provoca o inusitado, o inesperado, a expansão do sentido do que pensamos e do que queremos dizer.
Em todos os momentos a poesia é bem-vinda, podendo ser trabalhada logo nas séries iniciais, para que as crianças desde cedo possam criar o hábito da leitura e da escrita, enfim, na bela arte de ler e escrever poemas. A poesia pode ser trabalhada de várias formas, vai depender da ocasião e da clientela.
Nunca trabalhei com séries iniciais, mas pelo que vejo do trabalho de alguns professores e sua força de vontade em cada vez mais inovar, acredito que é sim uma possibilidade que não deveria ser descartada.Mostrar aos pequenos que a vida , a natureza, tudo é uma grande poesia. E que a partir deste universo maravilhoso em que nos encontramos podemos fazer belas poesias para expressar o que sentimos com relação a nós mesmos e aos outros.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Visita à Mata.

Tenho uma amiga que mora em Criciumal, a Giovana. Convidei, ela para me visitar aqui na Mata.
Quando disse onde morava ficou confusa.
Giovana disse: Você mora na Mata?
Respondi que sim, naturalmente.
Ela insistiu:  Mas como faço para chegar até ai?
Respondi: de Ônibus.
Ela perguntou?
Chega ônibus ai? Tem luz, água, etc....
Depois de um tempo, percebi que não estávamos nos entendendo, e esclareci.
- Moro em Mata, uma cidade conhecida mundialmente “ A cidade da Madeira que virou Pedra”, pois ela estava pensando que eu morava no mato.
Depois da confusão, tudo foi esclarecido e recebi a visita de minha amiga.